sábado, 30 de junho de 2007

One more for the portuguese readers!

(Texto do professor Vital Moreira retirado do seu blog (e outros) causa-nossa.blogspot.com,)

Um triunfo de Bush

O que se temia sucedeu. Tendo alterado a relação de forças no Supremo Tribunal com as suas nomeações de juízes ultradireitistas, Bush conseguiu um dos seus principais objectivos, a saber, a declaração de inconstitucionalidade dos programas de "acção afirmativa" que favoreciam expressamente a integração e o equilíbrio racial das escolas públicas e que nas últimas décadas tanto contribuíram para combater a existência de escolas de facto segregadas segundo linhas raciais e para fomentar a integração racial da própria sociedade norte-americana.
Resta saber se Bush conseguirá também realizar outro objectivo ainda mais desejado: a reversão da jurisprudência do Supremo Tribunal na questão do aborto, que constitui o principal alvo da direita religiosa.

(É do dominio publico nos Estados Unidos que Bush tentará revogar a lei que permite o aborto ate as 20 semanas de gestação antes do seu mandato terminar... a ultra-direita versão redneck em pleno!)

4 comentários:

JS disse...

Olá amigos,
tomem lá um excerto de um conto do Camus chamado Summer in Algiers:

"I learn that there is no superhuman happiness, no eternity outside the sweep of days. These paltry and essential belongings, these relative truths are the only ones to stir me. As for the others, the 'ideal' truths, I have not enough soul to understand them. Not that one must be an animal, but I find no meaning in the happiness of angels. I know simply that this sky will last longer than I. And what shall I call eternity except what will continue after my death? I am not expressing here the creature's satisfaction with his condition. It is quite a different matter. It is not always easy to be a man, still less to be a pure man. But being pure is recovering that spiritual home where one can feel the world's relationship, where one's pulse beats coincide with the violent throbbing of the two o'clock sun."

acho que o G3 se identifica com estas palavras sábias...

abraços

André Coral disse...

Sem duvida!
Superman hapiness DOESN´T EVEN EXIST!
Ate te digo mais, acho que no mundo de hoje incorre numa psicose da procura da felicidade eterna, de um estado em ke tudo esta bem e nao ha problemas, quando na realidade as maioria das pessoas so se sentirá feliz quando perceber, aceitar e sentir o facto de que a beleza de viver esta na tensão entre o que ha de bom e o de mau.

É essa tensão que nos move.

É pena é que na realidade vivemos num mundo em que o mau ultrapassa o bom em proporções alarmantes. E que governos como o de Bush (entre outros) perpetuem uma filosofia hipotecadora de muitas das medidas que ja tinham sido feitas em termos sociais por governos anteriores. Para moldar a estructura á sua imagem ou pra lucro pessoal, pouco interessa, o certo é que tais medidas jogam directamente com a vida de muitos em lutas partidárias que em nada melhoram as vidas das pessoas.

Neste caso nao se justifica uma medida que foi suadamente conseguida por Bill Clinton, os programas de acção afirmativa, que sao nada mais nada menos programas que visam a melhor integração social de elementos de diferentes etnias nas ecolas americanas.
Simplesmente nao da pra perceber.

Se beleza da vida é feita da tensão entre dois polos, seja da noite pro dia, como da maldade pra bondade, do ser activo ou derrotista, do social ao anti-social, enquanto tivermos parados a pensar o quão bom seria se tudo fosse PERFEITO nunca vamos andar pra frente.

Anónimo disse...

Olá rapaziada

Aqui vai o meu primeiro comment, esperemos que um primeiro post também esteja para breve. ( discutiremos o blog também por mail!).

Bem, agora o comentário...acho que esta questão da Affirmative Action, ou discriminação positiva é bastante mais complexa do que a diatribe anti Bush do Professor Vital Moreira faz parecer. Olhando para o caso particular ( das escolas) é relativamente simples de entender o porquê de ter sido considerada inconstitucional - é problematico compatibilizar a constituicao americana ( e uma sociedade que acredita no mérito pessoal, e nao na cunha e no favoritismo pessoal, com a qual poderiamos aprender muito nesse aspecto ) com a discriminacao entre raças contrária aos principios da 4ª emenda (notar ainda que este processo foi desenrolado por queixas de pais de jovens alunos). Isto trás nos a uma profunda contradicção interna no proprio conceito de Affirmative Action. Estes programas pretendem eliminar praticas discriminatorias criando mais discriminacao, o que me faz lembrar uma outra ideia inspirada bastante popular hoje em dia nos EUA ( e não só), a de ´preemptive strike´, ou guerra preventiva, alicercada na convicção de que com guerra se evita(m) futura(s) (enventuais) guerras.
A discriminacao está na base do conceito...quando cotas raciais se sobrepoem ao mérito e ao senso comum é natural que novos ressentimentos e fissuras entre etnias e grupos raciais possam surgir. Ao olhar para a raça (por mais dubio que esse conceito possa ser - o que é um negro? um branco? jason kidd? ou um nao negro? ou um nao branco como propunham os progamas em questao?) como elemento determinante estaremos a perder de vista o mais importante (que nao é a cor da pele) e muitas vezes a cometer injustiças, arriscando nos a favorecer grupos que precisam menos (como negros de classe média alta) em detrimento de sectores mais desfavorecidos do grupo maioritario (brancos de classe baixa).
Nao se trata de negar a existencia de preconceito racial no mundo em que vivemos hoje em dia, mas sim de criar mecanismos que tenham em conta, acima de tudo, factores socio-economicos que nenham vejam a cor como factor determinante. Há fracturas sociais determinadas pela cor e por injusticas historicas, mas parece me que elas dificilmente serao saradas criando novas injustiças...quanto a mim este é o problema a ser discutido....nao se trata de questoes partidárias, nem de ultra direitas, mas sim uma questao complexa e problemática que deveria ser discutida. Em Portugal tb temos casos semelhantes, como a questao das cotas de mulheres nas listas eleitorais. É vergonhosa a relegacao para lugares ineligiveis a que foram votadas a grande maioria das candidatas femininas, claramente para ´fazer numero' e cumprir a quota de 33% (tambem abordada pela causa nossa - http://causa-nossa.blogspot.com/2005/03/o-ps-e-as-mulheres-velhas-amarras.html). Todos reconhecemos que tem de haver maior participacao feminina na vida politica, tendendo para uma paridade no futuro, mas a imposicao de quotas contribui para isso? Ou poe em questao o merito das mulheres que lá estao e gera questoes quanto a seriedade do processo? Deve-se esperar que a mentalidade do pais mude gradualmente com o passar dos anos, de forma natural, ou tentar impor a mudança? Nao sao perguntas faceis...

Acho que o que podemos e devemos fazer é sempre questionar o porquê das coisas, venham da 'esquerda' ou da 'direita'. Nem tudo o que vem da administração Bush é um ataque à tolerancia e ao secularismo, tal como muito do que Clinton fez não foi sujeito ao devido escrutinio.

Bem, já chega...digam o que acham...
abraço

André Coral disse...

Concordo plenamente!
Falando nesta noticia em concreto concordo que nao é com "medidas especiais" interventivas que se la vai, seja de uma lado da questao seja pro outro (adorei o exemplo do jason kidd) mas a verdade , e é ai que eu falo de lutas partidárias, é estarmos (Porque é um assunto que tb toca a portugal) num certo limbo onde nao ha a discussao plena destes assuntos, medidas sao criadas sem o consenso e a discussao de elementos da sociadade, os assuntos nao sao partilhados com o povo aquele ao qual as medidas deveram ser aplicadas, e vivemos nesta roda viva de acções que nao resultam sem nunca realmente tentar perceber a genese do problema. mesmo que a sua resolução so dê frutos muito tempo depois.

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